quinta-feira, 28 de julho de 2016

Panorama Regional

B. Francisquini

Uma história de traições
Tina Toneti, pouco tempo antes de ser sagrada candidata a prefeita pelo PT de Jacarezinho, no ano de 2004, nem em sonho antecipava a ideia de que um dia sentaria na cadeira da capital administrativa do Norte Pioneiro. Por uma daquelas surpresas do destino, recebeu as bênçãos do mais importante político daquela época, o ex-prefeito de Cambará Mohamad Ali Hamzé, o Mamede, que resolveu assumir a campanha da inexperiente postulante, que até então sabia, meia boca, pontear um violão e cantar algumas músicas.
Literalmente, Mamede deu de presente o mandato de prefeita para Tina Toneti. Lembro-me de uma pesquisa que a colocava com apenas alguns pontos na corrida eleitoral. Bastou o anúncio de que o ex-prefeito cambaraense resolvera apoiá-la, para a candidata dar um salto na sondagem seguinte, assumindo a vice-liderança, encostada no então líder, o ex- vice-prefeito Paulo Diniz. Amado pela pobreza, Mamede repassou à Tina os eleitores que o idolatravam.

Vitória e traição
Tina ganhou prometendo que daria uma secretaria para Mamede. Nada disso aconteceu. Em 2016, Mamede foi candidato a deputado estadual. Quando todo mundo esperava que a prefeita devolvesse a gentileza ao homem que lhe dera o cargo de presente, ela virou-lhe as costas, cometendo um sacrilégio com o protetor. Apesar da traição, o ex-prefeito elegeu-se à Assembleia Legislativa, obtendo em Jacarezinho uma votação consagradora.

Reeleição
Tina obteve a reeleição sabendo aproveitar-se do poder que exercia na prefeitura. Abusou de gastos publicitários, além de obter ajuda financeira de diferentes setores da comunidade.
  
Família Feliz
A felicidade não se resumia ao cargo público. Na vida pessoal Tina Toneti também colecionava sucessos. Em 2010 casou-se com Gilberto Ribeiro, em cerimônia concorrida, realizada na Catedral Diocesana de Jacarezinho e que contou com a presença de convidados ilustres, como o ex-governador Requião. Um ano antes do casamento abriu uma microempresa, a Ribeiro e Toneti Montagens Industriais ME Ltda. - que em apenas três anos já apresentava faturamento superior a R$ 2,5 milhões, a maior parte referente a obras públicas para prefeituras. Trocou os sons dos acordes musicais como cantora pelo barulho ensurdecedor das máquinas e equipamentos de construção. A velha Kombi azul claro em que se locomovia, fazendo propagandas sonoras ou shows musicais nos bairros e na zona rural, foi substituída por um reluzente C4 Pallas.

Pequena mansão
A jovem empresária construiu uma ampla e confortável residência no pequeno módulo rural que adquiriu antes de se tornar prefeita (Banco da Terra), com área de aproximadamente cinco hectares. Além de escapar das elevadas taxas municipais e do IPTU, o jovem casal dispõe da privacidade e da tranquilidade proporcionadas pela casa no campo, às margens da PR-431, avaliada em R$ 400 mil.

Até o pai
No mesmo período, seu pai, Carlos Toneti, também construiu sua casa que, apesar de mais modesta – avaliada em R$ 100 mil – tornou mais confortável a vida do trabalhador rural e de sua esposa, Rosi Toneti, professora municipal aposentada. Nesse mesmo tempo, o irmão de Tina, Felippe Toneti, concluiu a faculdade e teve a chance de estudar música, sua grande paixão, no exterior.

Decadência
Tina saiu da prefeitura e passou a dedicar-se à sua empresa. Da mesma forma que não elegeu sucessor, a ex-prefeita passou a colecionar reveses na vida pessoal. A empresa entrou em crise. Dívidas não pagas e cobradas judicialmente chegam a quase R$ 2 milhões, fora os débitos trabalhistas que estão sendo cobrados na Vara do Trabalho de Jacarezinho. Ela diz que deve cerca de R$ 150 mil de indenizações trabalhistas. Advogados do setor dizem que é muito mais.

Derrocada
O carrão C4 Pallas, foi levado por oficiais de justiça porque não foi pago. A empresa está fechada. O sitio de 2,5 alqueires está penhorado. Se for a leilão judicial, com a propriedade vai o casarão que Tina construiu para si e a bela casa de seus pais.

Desespero

Como nunca na vida, Tina se vê num beco sem saída. Precisa eleger-se a qualquer custo. Num breve estudo realizado por um amigo deste colunista, somente as dívidas oficiais com credores (R$ 1.800.000,00), sem contar os débitos trabalhistas, um trabalhador que ganha salário mínimo levaria 170 anos para quitar as pendências. Se Tina se elegesse e resolvesse usar metade do salário de prefeito para o próximo exercício para pagar o que deve, (R$ 5.500 por mês), quitaria as dívidas num prazo de 27 anos. Em resumo, acho que seus credores, incluindo os trabalhadores de sua falida empresa, se ferraram! 

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